Leia mais: http://www.compulsivo.com.br/2008/06/como-habilitar-formulario-de.html#ixzz0v7FJ1bXV Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives Histórias & Cia: janeiro 2009

Histórias & Cia

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Adormecidas



Entrei no ônibus e sentei-me no último banco.

Ao meu lado havia uma mulher com uma criança.

A criança, que não tinha ainda nem um ano, chorava e esperneava, parecia sentir calor, cansaço e fome...

A mãe, apesar de não espernear, também apresentava sinais de cansaço além de infelicidade.

De uma maneira bem desajeitável, a mulher arrumou a filha em seu colo colocando uma chupeta presa a uma fralda, ambas velhas e encardidas, na boca da criança.

A menina quis recusar, talvez dizer que precisava de outra coisa, mas estava cansada e adormeceu. A mãe adormeceu primeiro.

A cada freada do ônibus, ambas iam para frente em direção ao ferro que as protegia da porta traseira. A mãe então abria os olhos e rapidamente voltava adormecer. Em todas as ocasiões tive ímpetos de segurar a criança com medo de que ela batesse seu rostinho no ferro.

Coloquei me a pensar: de onde elas vinham? Talvez de um posto médico público. Talvez, a mulher tivesse passado a noite toda com a criança em um pronto socorro. Por isso conseguia dormir profundamente com tanto desconforto. Será que precisavam de ajuda?

Meu ponto chegou. A menina continuava a dormir desajeitadamente no colo desconfortável de sua mãe.

O ônibus parou... e eu desci. Por um bom tempo fiquei com elas no meu pensamento: mãe e filha adormecidas.


(História Real - 2004)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Uma história NADA divertida...

Novelas normalmente não trazem muita coisa aproveitável, mas algumas, como "Caminhos da Índia", retratam valores que nossa sociedade vem perdendo a passos largos.

Conforme a cultura indiana, é preciso respeitar seu mestre para que se possa receber os conhecimentos que serão transmitidos por ele. Não é o que acontece em nossa cultura.

Antes, o professor era considerado um mestre, que abriria portas para um mundo melhor, para o caminho das descobertas. Sua palavra era lei e valia mais do que as palavras dos pais. Algumas pessoas podem definir como medo das punições aplicadas na época. Eu, sinceramente, acredito que era respeito. Respeito pelo próximo, pelo mais velho, pelos animais, pelas crianças...

Hoje, o professor é apenas uma figura na sala de aula, que serve para fazer chamada e pegar no pé dos adolescentes com problemas psicológicos ou com problemas em casa, como separação dos pais, pai embriagado e outros problemas familiares.


Muitos fatores contribuíram com essa mudança, mas a falta de limite é o que mais afeta a sala de aula. Os alunos têm o direito de fazer o que quiserem, são defendidos pelo ECA, pelos pais, pela direção dos colégios, pela imprensa, pelas organizações, pelo mundo!! E os professores? Não são defendidos por ninguém!

A cena exibida na novela ontem retrata uma dura realidade. A professora é agredida por um aluno na sala de aula e não tem quem a defenda, quem a proteja. A direção, que deveria tomar uma atitude protegendo sua profissional, aconselha-a a "deixar pra lá", uma vez que a imagem negativa que pode gerar para o colégio é maior do que a agressão propriamente dita, pois o pai do agressor é um grande e influente advogado. Além disso, a instituição não pode "perder alunos".

O pai acredita que a escola deve educar, pois ele paga rios de dinheiro para que isso aconteça. Essa família não ensina limites ao filho, levando-o a acreditar que ele pode fazer o que quiser e estará sempre com a razão.

Esses jovens sem limite serão os adultos de amanhã. Adultos que não respeitam seus pais, seus patrões, seu próximo... pois foram ensinados que tudo podem, que sempre terão razão e que estarão sempre protegidos por alguém.

Quem serão nossos governadores? Nossos médicos? Nossos professores? Nossos policiais? Serão esses adultos que estamos formando hoje. Sem limites. Donos da razão. Donos dos seus próprios pais e com a aprovação deles.

Mas, como impôr limites? Lembro-me de uma grande mestra que tive na faculdade que dizia: "Os limites são colocados a partir do nascimento do bebê, quando ensinamos-lhe a alimentar-se de três em três horas. É o primeiro limite que colocamos que nossos filhos." Crianças devem receber ordens dos pais e aprender a obedecê-las, para que se tornem adultos responsáveis e capazes de dirigir suas próprias vidas respeitando o próximo, seja ele seu professor, seu vizinho, seus pais, seu amigo ou um animal.

Não acredito na imposição de limites através da violência, pois essa, gera medo e não respeito. Os limites devem ser compreendidos pela criança e os pais devem ter segurança ao impô-los.

Seria muito bom que resgatássemos alguns princípios da cultura indiana, assim poderíamos viver melhor e com mais segurança.










segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Passeio ao Zoológico

Vera dava aula em uma escola estadual para uma turma de 3a. série. Eram alunos carentes e muitos com dificuldades de aprendizagem. Dentre eles, destacava-se o Beto.

Beto era magro, loiro, com cabelos cortados como se tivessem colocado uma tigela sobre sua cabeça. Tinha o rosto manchado devido à desnutrição. Trazia nos olhos um brilho de esperança, mas uma esperança muito distante... e um sorriso que Vera não conseguia distinguir se era de tristeza ou somente de uma esperança por vir...

De fato, seus olhos e sorriso combinavam com a vida que levava. Beto vivia com a mãe e um irmão mais velho. Sua mãe vivia embriagada e, às vezes, era levada carregada para casa. Dinheiro era uma coisa rara... roupas novas, brinquedos... nunca! Quando ganhavam alguma coisa, já era usada e bem usada!

Beto, possuidor de uma autoestima (sem hífen, conforme novo acordo ortográfico) baixíssima, não fora alfabetizado, lendo apenas palavras simples e com muita dificuldade. Essa condição o tornava um aluno indisciplinado que perturbava o andamento da aula.
Vera, conhecedora da história de Beto, procurava dar-lhe atenção incentivando-o constantemente. Certa vez, teve um passeio na escola e Beto conseguiu o dinheiro com um tio para participar da excursão. A mãe vendo todo aquele dinheiro, sugeriu que ele comprasse um par de tênis, pois o menino já estava indo de havaianas para a escola. Com muita tristeza ele aceitou a sugestão e não foi ao passeio. No dia do passeio, depois que os colegas já haviam ido, Beto confidenciou a professora sua tristeza. Vera compartilhou a tristeza com o garoto.

Algumas semanas mais tarde, haveria um passeio ao Zoológico. Com ajuda de outros professores, Vera presenteou Beto com o ingresso para a excursão. Na semana do passeio, ele não dormiu e não falava de outra coisa na escola.

Durante o passeio, Beto não continha seu espanto enquanto olhava pela janela do ônibus, confessou que nunca saíra do bairro e nem nunca andara de ônibus. Sua emoção era tanta que foi preciso fechar a janela para que o menino não se machucasse.

Beto ficou extasiado com tudo que via a sua volta. Quando entraram no zoológico, a professora precisou segurar sua mão com força, pois sua primeira intuição foi entrar no lago dos cisnes.

E os macacos? Beto queria se pendurar como eles nas árvores. Vera não podia soltar sua mão nem por um segundo.
Se encantou com a zebra, com os leões, com os elefantes, com os tigres...
Beto queria correr, queria ver-se livre... queria rolar pelo chão do zoológico, tamanha era sua alegria...
A cada animal que conhecia, seu sorriso resplandecia e seus olhos... ha, se pudéssemos descrever a felicidade contida em cada olhar...
De todos os animais o que mais encantou Beto foi a girafa... o menino não cansava de admirá-la... nunca pensara em conhecer um animal tão gracioso e desengonçado ao mesmo tempo... era como se as figuras que havia visto em livros distorcessem a imagem real da girafa.
No final do passeio, Beto estava exausto como nunca estivera antes! Adormeceu no ônibus com um sorriso nos lábio que Vera, a professora, jamais pode esquecer.
Fora o dia mais importante da vida de Beto.
(História Real - 2002 - Nomes dos personagens preservados)


















sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Dory - uma história de amor

Era uma vez uma cachorrinha abandonada.

Assim começa minha história. Fui abandonada pelos meus donos, estava perdida, faminta e muito carente. Até que uma humana me adotou. A casa onde fui morar era grande e já habitava nela alguns animais, uma poodle branca cheia de manias e frescuras e duas calopsitas. Havia também dois adultos a quem me afeiçoei imediatamente. Eles eram bondosos e muito carinhosos comigo, não tive dúvidas de que os amaria incondicionalmente, portanto, tratei logo de demonstrar meu agradecimento.

No início, tive muitos problemas com a poddle branca, que se chamava Julie, ela teve muito ciúme de mim e não gostava de me ver brincando, mas eu era muito alegre, além de agradecida por ter novamente uma lar. No fundo, eu entendia a Julie, ela nunca passou pelo que eu passei, sempre teve seus donos, comida, teto... Independente disso, eu gostava dela e tentava brincar com ela, algumas vezes fomos até boas amigas...

A casa estava sempre cheia de outros adultos... era uma festa quando eles chegavam. Eu pulava, corria, subia no sofá, me enroscava em suas pernas. Alguns brincavam comigo, outros apenas me acariciavam... E as crianças então... como eu me divertia!! Tive muita sorte por encontrar esse lar.

De todos do meu novo lar, havia um que era especial, o dono da casa. Eu tinha uma verdadeira adoração por ele pois ele era muito brincalhão comigo. Onde ele estava, lá estava eu também. Se ele ia dormir, eu tinha que ficar deitada ao lado dele. Se ele estava no computador, eu tinha que deitar aos seus pés. Lembro-me uma vez que meu dono foi dormir e não queria que eu entrasse no quarto, então ele fechou um portãozinho para que eu ficasse do lado de fora do quarto. Fiquei tão triste que comecei a chorar. Nesse dia, a filha do dono estava usando o computador e eu ia até ela, chorava e voltava até a entrada do quarto, tentava pular o portãozinho e não conseguia, então voltava até a filha dele e chorava, chorava... depois de muito choro, ela entendeu o que eu queria e deixou-me entrar no quarto. Eu me aconcheguei ao lado do meu dono e adormeci tranquilamente.

Depois de algum tempo, não sei exatamente o quanto, eu adoeci. Minha dona fez tudo o que podia para me ver bem. Foram muitas idas ao veterinário. Com o tempo parei de andar e fui ficando muito fraquinha. Meus donos se abateram muito com meu estado. Ás vezes, passavam a noite acordados quando eu tinha convulsões. Jamais me esquecerei do que fizeram por mim. Não resisti a doença e faleci. Tenho certeza que alegrei muito esse lar e que nunca serei esquecida por esses humanos tão maravilhosos.

(história real)





Marcadores: ,

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Minhas gatinhas



Em 2002, não lembro exatamente o dia, apareceu uma gata no meu quintal. Ela era muito magra e faminta. Começamos a alimentá-la e logo ela não foi mais embora. Descobrimos, então que ela estava esperando bebês e sua barriga crescia a cada dia. Em uma tarde chuvosa, essa linda gatinha deu à luz no tapete da minha sala... foi o primeiro de muitos partos ajudados por mim...

Ficamos todos encantados com os filhotinhos, não me lembro quantos nasceram, mas eram todos lindos! Havia gatos para todos os gostos: brancos com olhos azuis, marrons (tipo siamês), rajadinhos como a mãe... Provavelmente era o primeiro parto da gatinha, que mais tarde chamamos de "Mãezinha", ela cuidava dos filhotes com muito amor... era uma mãe exemplar!!!

Os filhotes cresceram e foram doados, não deu para quem quis. Logo, Mãezinha estava grávida novamente. Nasceram 07 filhotes, entre eles, a Kym que ficou conosco.

Os gatinhos não eram suficientes para quem queria. As pessoas começaram a encomendar gatinhos. Deixamos que a Mãezinha tivesse mais uma cria e então a castramos.

Agora tínhamos quatro gatinha (eu já tinha Mimi e Jade, mãe e filha). Kym trouxe muita diversão para turma porque era muito brincalhona. Curtimos cada momento da sua infância junto com os outro filhotinhos que nasceram na última cria da Mãezinha.

Kym teve várias crias, acho que umas sete... ela mal parava de amamentar e já aparecia grávida. Muitas pessoas queriam seus gatinhos, que, como seus irmãos, nasciam lindos.

Numa dessas crias nasceu Pretinha, linda, toda preta com olhos verdes... ficou encalhada... ninguém escolhia Pretinha para adotar. Como nossa gatinha Jade havia desaparecido misteriosamente, resolvemos ficar com Pretinha.

Kym ainda teve mais três partos depois do nascimentos de Pretinha e, no último, ela teve complicações e todos os filhotes morreram. Então encerramos a maternidade de Kym e, no mesmo dia, castramos também a Pretinha que já havia tido uma cria.
Pretinha é o meu xodó. Vive no meu pé... só falta falar comigo e é muito carinhosa.
A Mãezinha sumiu de casa. Desconfiamos que ela já tinha outro lar, porque depois de um tempo, ela começou a ficar desaparecida por dois ou três dias e recentemente só aparecia em casa a noite para comer. Costumávamos brincar que ela trabalhava fora por isso só aparecia a noite.
Outro gato vem tentando adotar meu quintal, aliás, desconfio que ele já adotou!! Chamamos ele de Zé Bob, é um gato muito bonito, mas está magro e demonstra ter sofrido violência. Deixamos ele ficar com o quintal e às vezes, permitimos que ele entre em casa. Em breve vamos castrá-lo, e provavelmente adotá-lo também.

Marcadores: